quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Haicai



Haicai              

 A árvore cresceu!
Deu flores... A fruta
O velho colheu.

       Ivan Ribeiro

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Versos Noturnos


Versos Noturnos


Eu, aqui ao pé da noite não tão veloz
Onde eis-me co’a dor de poeta de versos
Feitos como quem morre, são diversos
Meus confeitos a calar o que me há voz.



Já não me conheço, pois nem bem persos
São meus dias, mais me vejo um albatroz
Que inda bate asas num destino feroz
Além do horizonte, além dos submersos...



-Dor de poeta é dor de um verso que não fez
Mas sentiu; sentir é o que faz sentido,...
Sentido é o que faz sentir... Mas de uma vez!



Jamais quis ser um poeta já destruído
Pelo meu tempo, pois se assim que desfez
Meu Juízo,... falta faz meu comprimido!


                                                  Ivan Ribeiro

Desculpa



Desculpa




Convém de quem se ocupa ao
Mérito, ser o Dr. do amor da dor
A debelar o feito e abafar ao sujeito.
Ele examina a alma fixa no corpo a dar
O diagnóstico ao contaminado, fato
Que é exato o ato de culpa que há
Uma patologia, e ocupa o que não se
Preocupa a dar os devidos cuidados.

  ...


-Vês, Dr.!? Olhe para o silêncio e
Os ilustres fantasmas ao eriçar das
Vozes roucas e com asmas. Vês, bem?!
Pois são soluços d’além-mundo?
São elas aflitas, ditas d’algum lugar
Por quem?! São vozes sopranos de
Satânia em baixo-tom? Ou são elas
Graves de Elmônia em alta-tonificação?

   ...


Toda veia que está avulsa é fria, nem
Mesmo pulsa com o calor da vida sem
O seu dia. Quer a tinta escarlatina, quer
A mais pura da boa sorte, e a quer sem
À vista, sem aviso prévio nem da corte.
  
   ...


Devotos o dão a benção para que não
Seja mais um infante do caminho ao seu
Corpo quente e alma ardente, e aos seus
Votos a uma terra sem fulgor.
  

  ...


Mas, depois da glória,... O feito dá vitória
Em princípio ao sujeito. É antes da prece
Íntima a dor, mas é depois da prece
Para a vítima; O eleito há de pôr mais
Um sujeito aos portões dos Céus!

                                            
                                 Ivan Ribeiro                                                                                                                                








Minha carne



Minha carne



Minha carne é mais negra,
A mais em conta do mercado.
Carne que só pobres comem
Quando ela sobra do gado.



A minha carne é de gato
Temperada pra churrasco,
Espetinho feito de com amor
Das mãos de um carrasco.



A minha carne é herança
De meus grandes mouros,
Carne dura no prato pobre
No qual dispõe aos louros.



Minha carne é mais negra,
Negra feita à cor da noite!
Feita à cor do dia; O nego,
Já que espera o seu açoite;
No pega-pega já está pego!   


                        Ivan Ribeiro