sábado, 19 de novembro de 2016

CUIDADO:


 Perigo! Não suba


Há perigo neste lápis,
O uso deste produto
Pode causar revolta.

Não há níveis seguros
Para o consumo dito
Desta substância licita.

Na ponta deste lápis
Contem a minha raiva
E causa dependência

O uso incorreto deste lápis
Pode levar a vários danos;
Inclusive o de ser Poeta.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quem sabe um dia


Eu até pensei um poema com você
e somente com você...
mas me veio do jornal
as vozes da crueldade
nas ruas vilas favelas,
e no entanto das luas ilhas e velas
o poema não me veio.

Até pensei o teu corpo
a tua boca os teus seios, minha musa deusa!
Quando ouvi
que a política do país
excomungava um amigo companheiro meu,
e até pensai em minhas mãos... sabe?
E o poema não me veio.

Vinha pensando em liras
em lindas canções vivas
no luar mais belo que há lá fora
na beleza das matas virgens
no cachorro latindo em latim
quando me veio os gritos de guerra daquela terra,
os gritos de luta e em paz se falou
e se calou.

-e o poema não me veio!

Perdoa-me, minha musa deusa passarinha?
perdoa-me por não existir o teu poema,
quem sabe um dia o teu sairá edificado como deve.
Quem sabe, minha passarinha?
quem sabe?




domingo, 19 de julho de 2015

Lápis em Volts


Nunca soube dizer adeus aos meus versos.

Não sei deixá-los partirem

sem que os ensinassem a serem bravos soldados.
Não sei despedir-me de meus versos
porque sei de sua perversa e doce adolescência,
de sua rebeldia já melindre e de inocência bruta
de terror absurdo
e de amor um tanto quase absoluto.

Também sei do meu amor a eles e suas dores são as minhas

culpas...
desculpas imediatas e interditadas.

Sei disto, mas dizer adeus aos meus versos

é deixá-los órfãos às imundices do mundo
e aos olhos e vozes do bando em permanente conflito.
Mas meus versos se os dito,
é porque não são realmente meus...

Estes versos largados ao vento, reprimidos pelo tempo que privei

nutrindo-os de leite e muito mimo,
são gritos adultos do meu lápis em volts e revolta.
Versos para o povo, meu pão desta lida de pátria mal parida!

Versos diversos, adeus!

-Adeus, meus versos... Filhos do meu
seio manso.
               



domingo, 5 de julho de 2015

"Autocomunismo"


Marxchismo

-Como você está, meu bem?

Bom! Estou bem...
Longe de Ti e mais bem perto
de suas dívidas!



Vadiagem


Ando por aí
Gozando a delícia da noite,
Matando a fome do meu nariz
Em meio à rebeldia que desenho
Num sonho novo dentro ovo que é o mundo.

Por aí vou me ardendo, erguendo-me
Na mais alta-noite, lendo-me
Como se eu fosse um best-seller.

Por aí vou me amando, armando-me
No mais alto-grau, ando
Por terras nunca já trilhadas.

Por onde andei,
A sós, pisei em folhas mortas
Que a vida ao chão as deserdaram,
Mas foi o silêncio do inverno que
Deu-me o gosto de um novo bem.

Ando por aí
Tragando ares de amor proibido,
(Que inda é o meu pecado)
Ares sob o telhado da noite fria.

-Por onde ando, querida?
Ando por aí ao acaso da vida
Que me fez de repente estar aqui
E, novamente...

Estou sempre de partida!





terça-feira, 30 de junho de 2015

O bêbado


O bêbado é o mais forte
dos leões; até ao lado da morte é mais!

O bêbado é o mais belo 
dos modelos; até ao lado do zelo é mais!

O bêbado é o mais sábio
dos filósofos; até ao lado do lábio é mais!

O bêbado é o mais santo
dos sagrados; até ao lado do pranto é mais!

O bêbado é o mais cômico
dos humoristas; até ao lado do mico é mais!

O bêbado é o mais feito
dos corajosos; até ao lado do eleito é mais!

O bêbado é o mais rico
dos burgueses; até ao lado do cínico é mais!

O bêbado é o mais alto
dos soberanos; até ao lado do assalto é mais!

O bêbado é o mais bravo
dos selvagens; até ao lado do escravo é mais!

O bêbado é o mais fino
dos elegantes; até ao lado do grã-fino é mais!

O bêbado é o mais livre
dos poetas; até ao lado que o prive é mais!

O bêbado é o mais absoluto
dos deuses; até ao lado do luto é mais!

O bêbado é assim, é tudo...
Menos ele mesmo; até ao lado
do mudo ele é mais um absurdo, até ao lado
do surdo é mais!



domingo, 28 de junho de 2015

Sempre que possível


meus poucos amigos...
tão claros tão raros, meus caros!
tão caros em me servir as mãos
sempre que possível
deixam outras coisas mais
deixam outra coisa amais
que o impossível

:imagens en color en close
visões para o céu para o mar
recordações de fogo e de gelo
infinitos particulares para amar
desamar e para ser só ser perdão

ar sobre o ar que me faz pensar...

:os meus poucos amigos
sempre que possível ficam mais claros raros e tão caros
quando possivelmente pousam suas mãos
na minha mão.