quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quem sabe um dia


Eu até pensei um poema com você
e somente com você...
mas me veio do jornal
as vozes da crueldade
nas ruas vilas favelas,
e no entanto das luas ilhas e velas
o poema não me veio.

Até pensei o teu corpo
a tua boca os teus seios, minha musa deusa!
Quando ouvi
que a política do país
excomungava um amigo companheiro meu,
e até pensai em minhas mãos... sabe?
E o poema não me veio.

Vinha pensando em liras
em lindas canções vivas
no luar mais belo que há lá fora
na beleza das matas virgens
no cachorro latindo em latim
quando me veio os gritos de guerra daquela terra,
os gritos de luta e em paz se falou
e se calou.

-e o poema não me veio!

Perdoa-me, minha musa deusa passarinha?
perdoa-me por não existir o teu poema,
quem sabe um dia o teu sairá edificado como deve.
Quem sabe, minha passarinha?
quem sabe?




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