sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ao ser que existe


“Razão que consiste
 Ao ser que existe!”

Se eu tivesse a consciência
De que era um esperma,
Jamais teria entrado no
Óvulo de minha mãe;
-Deixaria todos passarem
Na minha frente, eu, mesmo
Nem me importaria!


Mas me deixo ser o que sou
Por não querer. Já nem
Mais me dou à lida, só ao
Meu mal de ser consciente!


Se eu quisesse a existência
De ser um idiota ao ermo,
Jamais seria olhado no
Óculo de sinhá mãe;
-Saldaria lobos a uivarem
Da minha gente, eu, a esmo
Bem, me comportaria!


Mas me queixo ver o que sou
Por tão saber. Já nem
Mais me dou à vida, só ao
Meu bem de ser existente!

               Por Edson Lacerda
                        E Ivan Ribeiro


Teu Rosto
(Comparação do mesmo)


Se agora estou aqui pensando
Em teu Rosto, é por Ele ser o
Fantasma que me devora a hora
Do meu tormento; - Existo por
Ter em vista ou me pasma?!


Se agora estou aqui fumando
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Maconha que me devora a brisa
Dos meus passos; - Existo por
Ter em vista ou me sonha?!


Se agora estou aqui gritando
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Gralha que me devora a voz
Da minha garganta; - Existo por
Ter em vista ou me falha?!


Se agora estou aqui gozando
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Fantasia que me devora o tesão
Do meu criador; - Existo por
Ter em vista ou me alivia?!


Se agora estou aqui rezando
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Salvação que me devora a alma
Do meu escarpando; - Existo por
Ter em vista ou me hão?!


Se agora estou aqui chorando
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Causa que me devora o pranto
De minhas pálpebras; - Existo por
Ter em vista ou me pausa?!


Se agora estou aqui escrevendo
Em teu Rosto, é por Ele ser a
Musa que me devora o suor
De meus versos; - Existo por
Ter em vista ou me recusa?!
...

E, se depois cá estiver esperando
Em meu Rosto, é por Ele ter o
Mesmo gosto que lá, dois há forma
De um só diamante; - Existo por
Ser artista e por estar posto
A esmo!...

                           Ivan Ribeiro
 

 

Deitado Etenamente


Deitado eternamente


As luzes lhe trazem o brilho
Na treva da tua morte, e, o gozo,
É todo meu no silêncio do teu corpo
A se desfazerem em pó de onde fora
Outrora, fora do que és no corpo
Além, há quem chora por agora.


No teu corpo eu sou moscas
Que varejam em meio ao odor mais
Saboroso, sou também os vermes
Que se deliciam no silêncio de toda
A lua cheia de tanto amor.


No meu silêncio noturno só
Lembranças, muito de revolta há em
Cada gole de café feito escarro, em
Cada trago de cigarro feito a fé
Mais cara que pago ao Cara acima.


És Eva travestida de luz e Colombina
Para onde piscou o medo das
Pálpebras minhas que inundam a cor
De minhas retinas cansadas.


E, do fogo me serviste de incêndio e
De ócio, mas nada vale a vida...
Só a despedida com flores café ao gosto
De amargo pranto falso.


Ah! Deitando eternamente em berço
Esplêndido, ao som do bar e à cruz onde
Veio ao mundo; o Vagabundo!
                      
                                                  Ivan Ribeiro

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Socos

                    Socos

                  Primeiro Soco:
                  -O sonho morre, mas não
                  A escuridão.
                  ...
                  Segundo soco:
                 -Um olho abre, mas não
                 Há luz.
                 ...                                                                                                     
                 Terceiro soco:
                 -Desperta, mas a vida
                 Ainda não acordou.     
                 ...
                 E, aí!
                 -Espera o quarto soco?                                     
                                
                           Do Carlos Lotto para
                           Ivan Ribeiro (08/07/11)

Scarpin

Scarpin

              "A sara Malupi"


Zé Pedro traz em mãos,
Que tirara do bolso
Uma onça efêmera
A verter por esboço
De um modelo de vida
Que acha boa... Sua lida!


Zé Pedro volta em mãos
Que põe ao bolso
Uma garça importante
A pertencer ao pão
Da manhã ao leite
Das crianças... Seu deleite!


À mulher, Zé lhe traz
Seu presente de
Casamento... Bodas;
-Querida, parabéns
Por nós! A ti o agrado
Com este modesto Scarpin
Aos teus delicados pés!


                    Ivan ribeiro

Autofobia

Autofobia

 

Navegar foi preciso,
Quando deixei a vida me guardar
Para o tempo, perdido me
Encontrei noutro horizonte...
Noutro corpo, fisgado pelo
Ponteiro da bussola já sem sul
Nem norte, me agrado pelo
Telhado azul do mundo. Agrado-me
Pela dor forte de meu íntimo
Mais profundo!

-Pouco a pouco me
Entreguei ao Monte Sinai, à fonte
De um outro Mestre, a um tal
Rei me despojei do mal, a uma
Tal Rosa de Saron me servi do Graal!

-Pouco a pouco me estou entregue
Ao que o bom amor divino me reserva!
 E ao Dom de ser Poeta, me entrego
À Flor de meu destino. Ó, Poesia! Estou
Eu, a conduzir-lhe em um pouco de dor?



Ó, Poesia-Flor! Defino o teu néctar
No Éden de meu sonho em que lhe
Ponho ao som dos mais sublimes cânticos
Dos rouxinóis em tênues melodias de
Harpas e guitarras. És a mais rara de uma
Doce fragrância, jamais decifrável pelo mal
E, amais de todas as cores e as tais multicolores!


-Pouco a pouco estou eu, a me reduzir
Em pó por teu raro enigma, ou estás
A me seduzir sem dó pelo sinal de minha
Clara admiração?! Ó, Feito meu!  És quem
Deve respeito além da devoção... Sou
Quem lhe deve o lado-b do peito para
O bem da nossa admiração!

Foi preciso amar odiando
A vida, e me perder no labirinto
De mim, odiei amar meu nome...
Mas, destes o merecido soco da
Realidade nesta face em que me
Guardei. Nocauteando, foi o riso teu que
Do meu pranto fez-me adorar de onde
A causa de uma vida com lealdade...
Uma saída de liberdade para crer em seu valor.




Já por ti me salvei do abismo
Em que me encontrei, em que me
Joguei do auto-luxo ao mais baixo
Lixo do perigo que me via sem a Amiga mais
Fiel no lado-b do peito, aonde fora, onde fora a
Lacuna do mundo, mundo vasto mundo,
Se lá Raimundo morasse, teria mais clima,
Não teria jamais a voz da solidão, então;
-Aluna do mundo, mundo vasto mundo,
Tão mais vasto foi este meu eco de escuridão.

Em um náufrago, dentro do espelho
Onde me enfiei com dores e os amores
Interditados que muito os privei com mimo
E leite com cowboy e doce de bílis recheado
Com patê e cobertura de Jererê a gosto
Do Bebê de Rosy Mary, assim fui criado no
Lado-a do meu desgosto.


Precisei de motivo e vivi para
As migalhas. Sobrevivi para afogar
Num cowboy o meu sobrenome
Já amargo por dizer ao largo riso no rosto
Sem cor nem por mostrar.





Já deixei de me deixar
Por aí à toa sobre um outro chão,
De tomar o tempo construído
Pela invenção de culpas vãs
E, imediatas, sob um inconstelado de
Fragmentos e ecos falsos.


Agora estou torto em meu canto,
Em um momento presente um
Presente, em meus versos me
Venho com segredo,...
Tal é o medo que me tenho no auto
De minhas rugas, de minhas culpas
E nas quinas de minhas fugas;

-Se o que me dói, igualmente
Fosse diversão. Ah, seria, eu, o meu
Herói de mim! Se há sentido mais que
Vivido por ser vendido, ser lido com prazer
É por escrever com o que em mim
Mais me dói!

                                          Ivan Ribeiro

Átimo

Átimo


Um poema no qual silencia
Em seu espaço, de quando em quando
Alguém se põe a ler sem certeza de ser
Levado em conta que, ao se opor a
Quem ler, não paga conta; se desconta.


Um à vista, uns avistam uma análise
Em umas frases. A fúria tem o poder sobre
O olhar mais atento, sobre a linha mais
Atenta ao suor. Silencia em seu canto.


Em um piscar de pálpebras,
Lágrimas caem sobre o papel disperso
No tempo, no qual o silêncio em seu
Espaço, já é verso em verso no universo
Dentro da casca de uma página.


Átimo! Logo é eterno, mais íntimo.
E se diaboleiam trevas em dores frias,
Se teofobiam! Evas em dores de alegrias,
Qualquer tinta se rubra em sangue, em
Odores dos desamores de suas crias.


E, cá do ventre mais acolá aos estranhos,
Versos saltam para turbulência de todos
Em uma só eternidade, já na ambulância
As enfermidades. De onde vens para onde
Vais? Ó, átimo mais íntimo!
                                          

                                    Ivan Ribeiro

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Na Toca do Noturno


O POETA  


"Eu não sei ouvir o que falam,
mas sei ouvir o que dizem...
Eu mais digo do que falo 
a respeito do que ouço, 
porque se penso logo existo, 
então, Eu existo demais. 
Já 'stou pensando em parar de pensar, 
mas quanto mais penso 
em parar de pensar mais Eu penso... 
Então, deixo viver o ouvir 
o falar o dizer o pensar e o despensar, 
deixemos viver o leve e o trás 
da minha existência. "


Dalila Teles Veras e Ivan Ribeiro

Consumado

                                           Explosão de luz
                                           Aos mais olhos siderais
                                           -Renasceu Jesus.


 

Ao Mestre com Carinho

Jorge Amado

Spleen

Cavaleiro da Morte

O Bichano

Caminhante Noturno

Criação

Mão Iluminada

Amigos Na Casa Das Rosas

Plaking

Teu gosto na minha mão



Teu gosto na minha mão


Não te doas do meu silencio:
-Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo? –sabes, não!
O amor é a única indizível emoção
Que me abuso a sentir por ti, Ó
Minha admirável amazona no qual me
Nutre com o pão o cigarro o café!...

Quero eu lhe premiar não com
Dores dólares dos lares, mas com
Merecidas flores com devido amores.
Ó minha admirável Poesia! Ó minha
Substancia licita em meu sangue!
: Sentir é o que faz sentido para rir.
Para rir, sentido é o que faz sentir...

Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra mais
Essencial de todos os poetas em um só
Homem, todos a tecem no seu canto
Torto em solidão.  Tal é o Indizível
Verbo neste instante agora. Pousa
Teu gosto nesta mão que mais te afaga;

- Amar, Verbo Intransitivo! Não mais
Que direto me apedreje; -“Amor!”


                            Ivan Ribeiro

Autoexílios a Ketlen Cerigatto

Valor do Idoso

Soneto de Enredo


Soneto de enredo


Vês, que me feres muito com tão pouco
Nesta estampa de cor?!... É a dor mais fria,
Hein?!  Fere-me, e é sem prever tal poesia
Que limo em força. E, és de um jeito tão louco.

                               ...
Se, o esforço por maior que há não se adia...
E, o hostil, de tão vil é mais que mil; mouco,
Pois falta nele a voz, e um silvo rouco
Não faz dele à putta que o diz que o ouvia.

                              ...
Vês, então! Que me ferir não lhe faz rei
Em que és neste mundo igualmente ‘scravo.
Que o mundo, conquistemos sem sequer lei!

                            ...
Por ti, minhas mãos, já nem mesmo eu lavo.
Mas, estas são as mesmas que aos céus, orei;
-Senhor! Perdoai a quem se faz tão bravo!   
                                                                                                    

                                         Ivan Ribeiro

Autoexilios


Autoexilios


A dor que me diverte
Abre a porta para dentro de mim,
Navego em ondas calmas
Onde é o meu exílio, lá sou herói
De uma fragata em que desvenda
Os mares; lá sou herói, Herói de mim!


O amor que me desperta
Abre a porta para dentro de mim,
Sobrevôo em ventos brandos
Onde é outro exílio, lá sou herói
De uma esquadrilha em que penda
Aos ares; lá sou herói, Herói de mim!

 A fúria que me corrompe
Fecha a porta para dentro de mim,
Sobrevivo em ondas bravas em
Ventos fortes onde é meu pesar.


 -Cá sou gladiador de uma arena em
Que luta pela dor e o amor, luto,...
E não há exílios; cá sou perdedor
De Mim, às vezes, sou de mim o vencedor.
Do resto, cá sou cowboy, cowboy de mim
E de alguém, como dói!

                                                
                                           Ivan Ribeiro

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lápis em Volts

Lápis em Volts
             A Dalila Teles Veras

Nunca soube dizer adeus aos meus
versos. não sei deixá-los
partirem sem que os ensinassem a
serem bravos soldados. Não sei
despedir-me de meus versos
porque sei de sua perversa e doce
adolescência,de sua rebeldia,já
melindre.Também sei do meu amor
a eles e suas dores são as minhas,
culpas imediatas e interditadas.
Sei disto, mas dizer adeus aos
meus versos é deixá-los órfãos
às imundices do mundo e aos olhos
e vozes do bando em permanente
conflito. Mas meus versos se os
dito, é porque não são realmente
Meus...Estes versos largados ao
vento,reprimidos pelo tempo
que privei nutrindo-os de leite e
muito mimo.São gritos adultos
do meu lápis em volts e revolta.
Versos para o povo, meu pão desta lida!
-Adeus, meus versos... Filhos do
meu seio manso!

               
                       Ivan Ribeiro

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Poema"



João-Pestana
        A Isabel Neres


Cai em um sono

Como quem cai

 No abismo o

Poeta depois

Do suicídio e
Que se deu ao
Egoismo e ao
Seu abandono.

 . . .
Se na noite

Como quem cai

 No abismo,...
O Poeta sou eu
 
Depois do meu
 Próprio  omicídio,
. . .


-Só me resta

Despertar para
minha indentidade.

                       Ivan Ribeiro