sexta-feira, 13 de abril de 2012

" SER "


“Razão que consiste
 Ao ser que existe!”

Se eu tivesse a consciência
De que era um esperma,
Jamais teria entrado no
Óvulo de minha mãe;
-Deixaria todos passarem
Na minha frente, eu, mesmo
Nem me importaria!


Mas me deixo ser o que sou
Por não querer. Já nem
Mais me dou à lida, só ao
Meu mal de ser consciente!


Se eu quisesse a existência
De ser um idiota ao ermo,
Jamais seria olhado no
Óculo de sinhá mãe;
-Saldaria lobos a uivarem
Da minha gente, eu, a esmo
Bem me comportaria!


Mas me queixo ver o que sou
Por tão saber. Já nem
Mais me dou à vida, só ao
Meu bem de ser existente!

               Por Edson Lacerda
                        E Ivan Ribeiro

                                                                   
    

" & "




Voz no cárcere


A Voz ausente aqui se Faz
Presente sendo Alta clara
Rouca,... E Furiosa no amplificador,
Dá o desgosto faz inveja A qualquer
Grito manso No cárcere sem que o
Venha a ser qual rouxinol
Erudito, qual bemol
Mais lírico,... Mesmo
Com um tom displicente,
Um som sem disciplina
Ou mesmo com rebeldia
Dedilhada dia-a-dia
Pela língua;... A voz
Ausente aos ouvidos
Faz presente na boca
Surda que vomita o verbo
Na cara gorda do juiz,...
A voz ausenta o verbo
No presente que se
Instala neste cárcere
Maldito, mas será um
Presente ao fato dito?

Esta boca é meu cu, quando
Nu, defeca em tua cara limpa
Por peroba; suja é esta voz
DE merda! Ela, quem rouba
Por eu ser maldito?

Ivan ribeiro


" O CARA A CARA "



O Cara que lhe dão
A cara; dá a cara!


O cara que lhe faz rir
É o mesmo que mais chora
Quando lhe traz a “tear”
E, depois vai embora...


O cara que lhe a ama
É o mesmo que se odeia
Quando mais lhe o difama
E, depois cai e se rodeia.


O cara que lhe observa
É o mesmo que se cega
Quando lhe faz serva
E, depois vem e a nega.


O cara que lhe dá paz
É o mesmo que desdita
Quando lhe não apraz
E, depois nem acredita.


O cara que lhe dá a cura
É o mesmo que adoece
Quando lhe é loucura
E, depois já se aborrece.


O cara que lhe ampara
É o mesmo que o gauche
Quando lhe dão a cara
E, depois lhe dão coche.


O cara que lhe faz ledor
É o mesmo que o bardo...
Quando se fez ler a dor
E, agora lhe traz o fardo!
:
"CONSUMADO"




IVAN RIBEIRO


quinta-feira, 12 de abril de 2012

" AO VIR E AO IR DA NOITE "



De passagem


A noite veio e o poema não
Surgiu unido a ela,
A noite foi e o lápis não
Fêz-me acender a vela.

 



A noite veio e o poema não
quis nem me pertencer,
A noite foi e o lápis não
Pôs-me a lhe escrever.





A noite veio e o poema não
Caiu de um alto estro,
A noite foi e o lápis não
Fêz-me o seu maestro.





A noite veio e o poema não
Ardeu em meu peito,
A noite foi e o lápis não
Deu-me um tal sujeito.



A noite veio e o poema não
Surgiu além do nada,
A noite foi e o lápis não
Fêz-me conto de fada.





A noite veio e o poema não
Desenhou uma vida,
A noite foi e o lápis não
Deu-me nem a despedida.
 



Ivan Ribeiro



ESSA NOITE NÃO




" (22*11*2011) "




"No Alpharrabio"



Dalila Teles Veras & Ivan Riberiro



Lápis em volts

À Dalila Teles Veras

Nunca soube dizer adeus aos meus
Versos. Não sei deixá-los partirem
Sem que os ensinassem a serem bravos
Soldados. Não sei despedir-me de
Meus versos porque sei de sua perversa
E doce adolescência, de sua rebeldia
Já melindre. Também sei do meu amor
A eles e suas dores são as minhas, culpas
Imediatas e interditadas. Sei disto,
Mas dizer adeus aos meus versos é
Deixá-los órfãos às imundices do mundo
E aos olhos e vozes do bando em
Permanente conflito. Mas meus versos
Se os dito, é porque não são realmente
Meus... Estes versos largados ao vento,
Reprimidos pelo tempo que privei
Nutrindo-os de leite e muito mimo.
São gritos adultos do meu lápis em
Volts e revolta. Versos para o povo, meu
Pão desta lida de pátria mal parida!
-Adeus, meus versos... Filhos do meu
Seio manso, adeus!

Ivan Ribeiro


domingo, 8 de abril de 2012

" UM SONETO INCOMUM "




Alma de caneta



Só empresto à minha mão ao que
A caneta mais sonha de belo, mas
Às vezes, ao mais terrível pesadelo.



E, mesmo assim escrevo o que me
Vem à mão numa doce inspiração.
Mas, que só a caneta me embale
Com sua alma de diversas cores!...



E, porém em qualquer instante e
Sobre um papel em branco, eu lhe
Mostre seus amores suas dores, e
Na invenção multicolor do tempo,



Que as canetas falem pelas línguas
Que se movimentam com poucas
Palavras e com muitos silêncios!


                                             Ivan Ribeiro










                                                                                


A mão que  Ilumina é a mesma que Escurece!





















" O GOZO PARA O POETA

   É SENTIR A ALMA

 DA CANETA!"











" ( ? ? ? ) "




O que sou de mim!



Ó, Deus! Já não sei o que pensar ou

Se o que penso me faz existir

Do que eu logo me venço em minha

Renuncia, já que só não sei

O que pensar o que sou de mim.

Se meu pensamento me cabe

Em mim, se penso logo evito

O que existe do que sei em mim,

Se penso logo desisto do que

Sabe-se ou do que sei.

Só sei o que cabe! Se o que penso

Logo avisto para existir, e se me

Venço? Jamais desisto se por

Logo eu penso e já existo só

Por ser o que me é isto.



Ivan Ribeiro

Que pensas
................
______ ? ______

" Ildo dos Santos! "

" ? "






" O MACHA E A FÊMAO "




Phallu-Culu


Quem furta aos seus Não fustiga, Não!
Não fustiga!... Mas não se entrega!
Então, meu pau lhe disse;...


-Ó Meu caro irmão! Entrega-se à sua
Mão, que minha prega se Desprega
Do seu teso. E a minha dor!...
Ai, ai!...Quem nega?! A cor em mim


: Navega Como se ao porro me
Vem e encerra em amor! 

Phallu____em
Cujo_____... Culu!!!


Quem curta aos meus Não instiga, não!
Não instiga;... Mas não me esfrega!
Então, seu cu me disse;...


-Ó Meu raro ladrão! Esfrega no meu
Vão; que minha - grega se Emprega
No seu peso. E a minha flor!...
Ai, ai! Quem rega?! Ao por em mim


: Carrega Como se ao jorro me
Vem e enterra em calor!

                                          Ivan Ribeiro



"Robson Cordeiro e Cássia Eller"
















quinta-feira, 5 de abril de 2012

"LEMBRANÇA DE MORRER"




Alvares de Azevedo


"SONETO"

       

          Dracena, flor do meu Éden !
     . . .

        Roubarei seu coração, Meiga ‘stranha
        Que me ultraja co’amor cego! De ferro
        Seu coração me vale o mito; aterro
        Em minha noite uma paixão tamanha.
   
     . . .

       Já não me libertei da dor que aferro
       Num fado que arde, mas um riso ganha
       Forma e, de repente o amor me banha
       Co’a mesma noite deste meu enterro.

   . . .
                                                                                
       Meiga; Mesmo queu não diga em um verso
       À Noite, dá-me um pouco de pecado,...
       Pois digo em voz baixa que és meu’niverso!

 . . .

       ‘Stranha; Co’a dor no peito e, calado
       Por um suspiro um momento disperso,
       -Digo queu ‘stou demais enfeitiçado!...
  
                        . . .

                                                   Ivan Ribeiro