terça-feira, 23 de abril de 2013

Minha Carne


Minha carne é mais negra,
a mais em conta do mercado.
Carne que só pobres comem
Quando ela sobra do gado.

A minha carne é de gato
temperada pra churrasco,
espetinho feito de com amor
das mãos de um carrasco.

A minha carne é herança
de meus grandes Mouros,
carne dura no prato pobre
no qual se dispõe aos Louros.

Minha carne é mais negra,
Negra feita à cor da noite!
Feita à cor do dia; O Nego,
Já que espera o seu açoite:
No pega-pega já está pego.


Hai-Kai


A serpente...veia
Sobre o chão ela rasteja,
É a hora da ceia.




Versos Noturnos




Eu, aqui ao pé da noite não tão veloz
Onde eis-me co'a dor de poeta de versos
Feitos como quem morre, são diversos
Meus confeitos a calar o que me há voz.

Já não me conheço, pois nem bem persos
São meus dias, mas me vejo um albatroz
Que inda bate asas em um destino feroz
Além do horizonte e além dos submersos...

Dor de poeta é dor de um verso que não fez
Mas sentiu; sentir é o que faz sentido,
Sentido é o que faz sentir... mas de uma vez!

Jamais quis ser um poeta já destruído
Pelo meu tempo, pois se assim que desfez
Meu juízo falta faz meu comprimido.




sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Poesia


A nossa poesia nunca se dispôs
a salvar uma sequer pessoa.
Nunca se dispôs a me salvar
mesmo eu sendo o próprio
poeta que sou...

A vossa poesia é construída 
somente pra nos deixarmos tortos
em nossos cantos;
               com o bico mudo e surdo!





















CANTAROLANDO



Fui amado sem me dar conta
por meu amor à poesia que me conduz
ao que sou de mim.

Mas o que é a poesia
se não feita para se amar,
feitamente feita para ser amado.

Se não me dei conta,
                  eu me conto cantarolando
com todos meus cantos pelos cantos.












 

Violões que gemem



Os olhos com a canção de heróis
e heroínas derramam gotas como de orvalhos
e as retinas já tão cansadas
com os violões que gemem ao redor
dos ouvidos
se nobrecem e se distraem com seus gritos
igualmente ao açoite...
ao açoite em minhas costas que se vai
                                        sangrando em dor.







Em um instante agora



Mendigo é a mais doce criança
com todo seu esplendor de adulto oculto:
Lindo!

Porém se queixa por falta de amor
e de pão e de vida e de...
Se já não se conhece em seu vasto mundo,
todos o vê por seu sofrimento
e por sua dor que morre vivendo
já contida por desejo à esperança.

É preciso acordar essa doce criança
que dorme em meio fio da verdadeira praça é nossa
e na meia lua do dia que se irradia após a noita fria.

Em seu instante agora 
eu me queixo, mas não há nada por fazer
se não admirá-la feito um homem doce. 





Uma mina no meio do caminho


Há uma mina no seio e em meu caminho
Há uma mina em meio às minas
Havia e há uma mina
Há uma mina em Minas
Jamais me esqueço desta mina
Na lida e vida dos meus olhos tâo negros
jamais a esquecerei
Que no meio de um caminho
Havia e há uma mina
Uma mina em meio ao meu carinho
Há uma mina
Mas também há o ninho!