terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Versus Nocturnos


Aqui, ao pé da noite não tão veloz

Onde eis-me coa dor de poeta de versos

Feitos como quem morre, são diversos

Meus confeitos a calar o que me há voz.

.

Já não me conheço, pois nem bem persos

são meus dias, mas me vejo o albatroz

que inda bate asas num destino feroz

além do horizonte, além de imersos…

-

Dor de poeta é dor de um verso que não fez

mas sentiu; sentir é o que faz sentido,

sentido é o que faz sentir… mais de uma vez.

-

Jamais quis bem dizer o altar vendido

tão cheio de graça por Deus… se desfez

meu juízo, faz falta meu comprimido.





A voz de um poeta

Esta voz rouca em que veio me afirmar
O poeta que sou, noutro já foi exemplo
De uma jóia rara em fúria do templo
Que fez dela mais alta. Por quem gritar?
.
Esta voz baixa em que veio me operar
O louco que sou, noutro já não vem p´lo
Que foi real, e nem mesmo contemplo
Mais o sinal que fiz dela. Por me almar?
.
O poeta que fui em mim fez-se o louco
Em mais sintonia comigo mesmo;
O louco que sou em mim faz-se o poeta.
.
Noutro poeta, o tom nunca foi tão pouco
Em mais harmonia, porém sendo a esmo;
Vale-me o silêncio… a alma da caneta.

Conclusão


I
Se o que se faz
Pelo que foi desfeito
Mais que já feito
É o que foi desfeito.

II
Se o que se desfaz
Pelo que já se fez,
Mais do que feito
É o que se desfez.