quarta-feira, 17 de julho de 2013

Obras com cicatrizes


Morrer
é ser pedra,
aos mais fortes
é ser rocha

e não deixar nada
além de um nome

Viver
é continuar obras
com cicatrizes
de quem se foi

no entanto
nem todo extinto
deixa cicatrizes

com algum sopro
é definitivo e remediável
ao corte que fecha

de fato 
isto é óbvio
que continuemos
a vida com obras.




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Versos à toa


Em um verso me conforto
e não há ninguém que o diga morno
esquecido entre o nevoeiro.

Tão vasta é a poesia que me consola.

Em um verso morro noutro vivo
em um verso sofro noutro; gozo!

Meu estado bruto feito que é lixo em luxo,
num verso me defronto
e me contenta o verbo que se espalha.
Por ele eu brigo apanho bato
mato e morro.

Meu verso é um Carnaval tristonho
repleto de pierrôs doentes
e em cada boca tímida é um defunto
pronto a ser encovado.

Em que itinerário teu bonde passa
ó meu caro poeta gauche?!
Cheio de pernas brancas pretas amarelas?
É que também meu coração pergunta.

Pobre de mim por ser poeta!
Quando me tornei tal parvo, meu Deus?
Poeta sou por bem querer assim.

Não levo no peito o que escrevo a punho quente,
mas nestes versos tortos me conforto.

E o que há de mais com isso
Mesmo na inquietude de quem o fez?
-Estou indo ao psiquiatra.





Descontrole


Nem na terra nem no mar
ou mesmo acima do nível do ar
e abaixo do fogo

Sou poeta fugitivo da lei
e da anarchía

Sem controle nem rumo
de um louco amor
que nem mesmo mesmo conheço
e se conheço já agora é lúcido

Mas é louco de odor
ou é dor com um pouco de prazer

Com um lápis um café um cigarro
eu sou o que espero de mim
em minhas mãos

Sem controle no prumo,
sou poeta sem saber onde vou parar.

 

"Eunuco garanhão"


Vício; O hábito de ter um cigarro
           entre os dedos.

Hábito; O vício de quase não ter
              um pau entre as pernas.



Terror diário


O terror com meu canto
já nada significa aos dias que passam
meu amor intacto e secreto
que mulher jamais quer pôr os olhos
permanece gelado há tempos
no meu seio manso
arranco dor e me dispo e me digo
-Ó fulana em que me vem ao meu gosto,
te vives ao sonho quanto pro terror
de teu bem querer?
Canto, entretanto luto pelo sonho que tenho
e não pela minha obra edificada
Porém o amor em meu terror
só vem se não de deus, mas ainda caminho
com passos leves e me confesso
-Eu me conto cantando diariamente
e me devora o terror nas ruas

        

                                                            Andante

Variação


Agenor, o poeta nestes versos
viu a cara da morte e ela estava
viva. Viva!

Já poeta destes versos
vê a cara da vida e ela está tão
morta. Morta  

Do que me reservo


Por que o celestial se é força de Deus
me permitiu amar?
Se me reserva amor na pequena calma,
eu me permito te odiar
com todo meu amor, meu Pai de todos os impérios!

Deixastes o prato oco 
do amor se fez a dor o açoite
da vida nos vem a foice com todo glamour
e flores

E, então, não sei saber demais
se tenho de saber o que jamais saberei
sobre teu vulto de amor profundo

Porém se me deixo amar-te
também me reservo pra odiar-te
com alma quente e corpo ardente.


2 Polos


Sou meu próprio cruel inimigo
...porém, às vezes, eu me faço
meu digno amigo.

Sou meu próprio bem querido
...porém, às vezes, eu me faço
meu mal ferido.

Sou meu próprio melhor ganho
...porém, às vezes, eu me faço
meu pior estranho.

Sou meu próprio grande deusatan
...porém, às vezes, e me faço
pigmeu Ivan.

Sou meu próprio único dilema
...porém, às vezes, eu me faço
meu conto-poema.


Vejo minha própria dor
...porém, sempre sou composto
de amor.

sábado, 18 de maio de 2013

Um grito



Quando o vento soprou
eu gritei; leva-me contigo
deste enredo!

Quando perdi a força,
nada inesperado
eu gritei; leva-me 
nos teus ombros de aço!

Quando as vozes vieram,
as vozes do "spleen";
eu gritei; vão embora, vão!?

Às vezes, à luz de vela...
os versos pra versarem
a boca pra falar 
pra beijar teimar
eu gritei, eu gritei tanto.

'stou quase frio,
a dor já me tece me vence,
o poema não era o mesmo
que eu desejei que fosse.
Dói-me a veia mansa que ferve.

Não sei, não!
Mas acho que no fundo
sou um gatinho indefeso
dentro de um leão
ferozmente a rugir!  

De vez em quando


Amarei de vez quando
o teu amor for possível
ter em minhas mãos
de diversos adultos
por outros versos outros vultos.

O amor; “Fogo que arde sem se ver”,
é ainda a brasa que me queima os olhos
ao lhe ter.

-Ao meu ser se deve ao ser.

O amor; “Ferida que dói e não se sente”,
é ainda a chaga que me sangra a pele
ao dente...

-Ao meu ente mais valente.

Quando o meu amor,
seja ele como for,
se possível ter em tuas mãos
de versos ocultos por outros insultos
outros cultos...
Amarei de corpo quente
e de alma ardente.

E assim quando se possível for,
eu te amarei por toda a minha lida,
por toda a sua vida!

E assim, de vez em quando,
eu te amarei.
De vez em quando.

Em vez de vez,
só de vez em quando
só de vez em quando.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Minha Carne


Minha carne é mais negra,
a mais em conta do mercado.
Carne que só pobres comem
Quando ela sobra do gado.

A minha carne é de gato
temperada pra churrasco,
espetinho feito de com amor
das mãos de um carrasco.

A minha carne é herança
de meus grandes Mouros,
carne dura no prato pobre
no qual se dispõe aos Louros.

Minha carne é mais negra,
Negra feita à cor da noite!
Feita à cor do dia; O Nego,
Já que espera o seu açoite:
No pega-pega já está pego.


Hai-Kai


A serpente...veia
Sobre o chão ela rasteja,
É a hora da ceia.




Versos Noturnos




Eu, aqui ao pé da noite não tão veloz
Onde eis-me co'a dor de poeta de versos
Feitos como quem morre, são diversos
Meus confeitos a calar o que me há voz.

Já não me conheço, pois nem bem persos
São meus dias, mas me vejo um albatroz
Que inda bate asas em um destino feroz
Além do horizonte e além dos submersos...

Dor de poeta é dor de um verso que não fez
Mas sentiu; sentir é o que faz sentido,
Sentido é o que faz sentir... mas de uma vez!

Jamais quis ser um poeta já destruído
Pelo meu tempo, pois se assim que desfez
Meu juízo falta faz meu comprimido.




sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Poesia


A nossa poesia nunca se dispôs
a salvar uma sequer pessoa.
Nunca se dispôs a me salvar
mesmo eu sendo o próprio
poeta que sou...

A vossa poesia é construída 
somente pra nos deixarmos tortos
em nossos cantos;
               com o bico mudo e surdo!





















CANTAROLANDO



Fui amado sem me dar conta
por meu amor à poesia que me conduz
ao que sou de mim.

Mas o que é a poesia
se não feita para se amar,
feitamente feita para ser amado.

Se não me dei conta,
                  eu me conto cantarolando
com todos meus cantos pelos cantos.












 

Violões que gemem



Os olhos com a canção de heróis
e heroínas derramam gotas como de orvalhos
e as retinas já tão cansadas
com os violões que gemem ao redor
dos ouvidos
se nobrecem e se distraem com seus gritos
igualmente ao açoite...
ao açoite em minhas costas que se vai
                                        sangrando em dor.







Em um instante agora



Mendigo é a mais doce criança
com todo seu esplendor de adulto oculto:
Lindo!

Porém se queixa por falta de amor
e de pão e de vida e de...
Se já não se conhece em seu vasto mundo,
todos o vê por seu sofrimento
e por sua dor que morre vivendo
já contida por desejo à esperança.

É preciso acordar essa doce criança
que dorme em meio fio da verdadeira praça é nossa
e na meia lua do dia que se irradia após a noita fria.

Em seu instante agora 
eu me queixo, mas não há nada por fazer
se não admirá-la feito um homem doce. 





Uma mina no meio do caminho


Há uma mina no seio e em meu caminho
Há uma mina em meio às minas
Havia e há uma mina
Há uma mina em Minas
Jamais me esqueço desta mina
Na lida e vida dos meus olhos tâo negros
jamais a esquecerei
Que no meio de um caminho
Havia e há uma mina
Uma mina em meio ao meu carinho
Há uma mina
Mas também há o ninho!





sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Eu e os Idiotas


Houve um tempo em que eu sorria
nunca percebi que meu amigo
chorava feito um idiota
-para onde olhava se ocultava
e eu não sabia que esse amigo
se ocultava porque para quem olhava
era o espelho que o dizia asneiras.

Eu nunca pus a chorar
porque pensei que só quem chora
são os idiotas e eu detestava idiotas,
por isso me distanciei do idiota.

Agora entendi que os idiotas
existem de monte por aí afora,
entendi também que todos choram
e que todos se põe a sorrir
e, porventura, eu também choro
quando me flagro diante do espelho
e o meu "amigo" me diz asneiras
quando me deparo diante de mim mesmo.

Hoje descobri que só choro
porque eu também sou um idiota
e que meu amigo sorri
porque quando estamos diante
um do outro dizendo asneiras;

Eu me ponho a sorrir e a chorar
e meu amigo também
-porque somos todos uns idiotas!





"Alquimia"


Nunca observei doutores nem li bulas
como li uns versos, mas há tempos
um certo Mestre me observou poeta
com um escrevedor um cigarro e um café
em uma noite de solitude.

Me foi dado entre os tempos desta
noite uma conspiração exagerada
jogada em um papel.

Um forte e constante ruído
me aproximou da morte mesmo estando
vivo e solene.

A alquimia formou o que fora
uma folha branca em tons doirados
de energia e de versos existentes.

Mas amanhã o tempo colherá minhas palavras
já plantadas e o poeta estará vivo
mesmo estando morto e enterrado.





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"ARBÍTRIO"


Quero almar de vez o meu corpo,
mas não quero perder o fruto
                                      proibido.
Quero almar de vez o meu corpo,
mas não posso perder o fruto
                                     proibido.
penso em dar abrigo à minha alma,
é preciso almar o corpo...
pois posso almá-lo!

Só não penso no dia em que pensar,
                                   -é preciso?

Quero almar de vez o meu casco,
mas não desejo apartar o fruto
                              mais comido.
Jamais , eu que sei! Quis ser o seu
abrigo de vez. Eu quero me almar
e amando o meu fruto perdido.

Mas é preciso dar alma se almando
o corpo a casca? Não sei!

Só não sei se sei o dia em que saber.
                            -Almar-me -ei?!  


O Verbo


Pai! Por tudo queu já fiz
ainda mesmo com tal zelo
e em verdade, até que quis
quebrar este meu gelo;

-Só pra ser feliz!
...

Pai! O que faço é incerto
pelo peso de minha cruz
sei que o fim está perto
onde existe a minha luz;

-Só pra ver o certo!
...


Pai! Tive em mãos o bom
da vida que prossegue,
mas tenho em mãos o dom;
verbo que me persegue:

-Só pra ler em alto e bom som!
...





                                bom som

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Irreal e Desleal



Não há um Éden
Que realmente é real;
-real e o que se vê,

O que se prova,
com o ateu!

...

Não há um Herói
Que lealmente é leal;
-leal é em quem se crê,

É quem está na cova,
como Eu






segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HAI-KAIs

Minha alma dói        
                            

           Quando cai o sabiá,

                           Voa meu herói!

                                   Minha alma dói                                     
                                          Quando cai o colibrí,
                                                                              boa se corói!