sexta-feira, 12 de julho de 2013

Versos à toa


Em um verso me conforto
e não há ninguém que o diga morno
esquecido entre o nevoeiro.

Tão vasta é a poesia que me consola.

Em um verso morro noutro vivo
em um verso sofro noutro; gozo!

Meu estado bruto feito que é lixo em luxo,
num verso me defronto
e me contenta o verbo que se espalha.
Por ele eu brigo apanho bato
mato e morro.

Meu verso é um Carnaval tristonho
repleto de pierrôs doentes
e em cada boca tímida é um defunto
pronto a ser encovado.

Em que itinerário teu bonde passa
ó meu caro poeta gauche?!
Cheio de pernas brancas pretas amarelas?
É que também meu coração pergunta.

Pobre de mim por ser poeta!
Quando me tornei tal parvo, meu Deus?
Poeta sou por bem querer assim.

Não levo no peito o que escrevo a punho quente,
mas nestes versos tortos me conforto.

E o que há de mais com isso
Mesmo na inquietude de quem o fez?
-Estou indo ao psiquiatra.





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