terça-feira, 19 de julho de 2011

Soneto



Escravo de mim
 

Deus! Coitado de mim que sou mais bardo
Que fui ontem, e assim continuo inteiro
Por mais um dia dado, e mais guerreiro
Hoje, logo sou! Mesmo quanto me ardo!


Mais coitado, foi meu fiel escudeiro
Já que é a Rosa de Saron, e assim guardo
Em meu íntimo, o peso de teu fardo
Que insiste em pesar num dia fagueiro.   


Eu beijo a boca como beijo a chaga
De um cadáver! Já nem sequer importa
Se ‘stou aqui, ou se ‘spero lá uma vaga!


A dor que hoje me diverte, abre a porta
Para dentro de mim, e assim me afaga
O mais lindo spleen co’a noite já morta!

                                               
                                         Ivan Ribeiro
   

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