Escravo de mim
Deus! Coitado de mim que sou mais bardo
Que fui ontem, e assim continuo inteiro
Por mais um dia dado, e mais guerreiro
Hoje, logo sou! Mesmo quanto me ardo!
Mais coitado, foi meu fiel escudeiro
Já que é a Rosa de Saron, e assim guardo
Em meu íntimo, o peso de teu fardo
Que insiste em pesar num dia fagueiro.
Eu beijo a boca como beijo a chaga
De um cadáver! Já nem sequer importa
Se ‘stou aqui, ou se ‘spero lá uma vaga!
A dor que hoje me diverte, abre a porta
Para dentro de mim, e assim me afaga
O mais lindo spleen co’a noite já morta!
Ivan Ribeiro
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